terça-feira, 29 de junho de 2010

Vinde, anos!

Vinte anos. Vinte anos. Vinde, anos! Brinde!
E muita história pra contar? Não sei.
Que diabos é afinal essa tal obrigação de ter muito a contar, eu, fechada que sou?
Sinto – se sinto!
Penso – nem tanto!
Ouço, porque aprendi a ouvir.
Aprender! Apreender! A-prender! Prender? Ahhhh!
E se brincar com as palavras for pecado, hoje não é.
Nostalgia alguma bate em meu peito agora, deveria bater?
Qual é, afinal, o ideal de um aniversário perfeito? De uma vida perfeita? Qual era, afinal, o objetivo de quem inventou esse maldito ideal? Qual é a final?
Mas é claro que eu penso no fim. Eu penso quase o tempo todo. Acho que agente não sabe, mas o objetivo é praticamente um fim criado por nós mesmos, onde agente idealiza que ali se encerrarão todos os problemas. Mero engano... Mal ultrapassada a linha da chegada é, e antes mesmo que se pense em respirar, pa-pum: uma pedra. Mas aí mora talvez um bom sinal: não acabou. (Talvez...)
Vinte, vinte! Esse número já não me sai da cabeça. Aceito desde já como a libertação do dezenove. E que dezenove!
Aprender sempre. Apreender sempre!
Vinde, anos! E que prevaleça a essência – ela há de prevalecer.

Sincera gratidão aos que lembraram (aos não poucos que se lembraram). E não poderia me esquecer – é claro -, que sua ausência hoje, querida solidão, não passou despercebida.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Com-partilhar

Paixão é mesmo uma doença. Uma doença com bons sintomas, claro - mas não deixa de ser doença. É como essas doenças transmitidas por picadas de insetos, o “bichinho da paixão” acaba pegando agente despercebido, quando menos esperamos. Se agente se previne como pode, ou se agente quer ele por perto, nada acontece. Mas é só agente desviar o olhar pro espelho um minuto e pa-pum: agente se apaixona.
E então somos contagiados por um mundo de sensações. Expectativas, saudade, planos, sorrisos que não cessam e uma cara de bobo capaz de condenar qualquer um. Aiai... Suspiros. Agente reclama, sofre, chora, diz que nunca mais vai se entregar... Mas quem é que consegue? Acho que ninguém consegue.
Não é culpa da paixão, dos homens de sempre, das mulheres de hoje em dia, do mundo conturbado no qual vivemos... Não é culpa de ninguém. A receita pra dar certo mora dentro de nós mesmos, e é tão fácil que quase todo mundo desconfia da potência dela e acaba sempre jogando com o coração. O nome da receita é um verbo. O nome da receita é o verbo ser.
(Um verbo de ligação, por mais egoísta que, à primeira vista, possa parecer.)
Então seja, simplesmente. Primeiramente por você. Depois pelos outros, numa dosagem equilibrada. É necessária aqui uma hierarquia. Se doar é bom. Compartilhar é melhor ainda.
É... Eu estou apaixonada.

domingo, 2 de maio de 2010

Anjo da Guarda

Um encontro de almas, quem sabe.
Um encontro com o próprio eu, de dois eus perdidos... E então tudo se acalma.
O grito se cala, o desespero espera, os problemas são tragados – mas o tempo insiste em passar. Não importa.

Acho às vezes que devo confiar mais em você do que em mim, e que isso te sirva também. Sou inconstante, explosiva, momentânea. Você também. A diferença está na minha esfera, onde mora seu sentido linear.

Obrigada!

Colo em você toda a minha gratidão. TODA! Por ouvir paciente cada pieguice, por se importar, por reconhecer o que eu também reconheço.

Obrigada!

Há palavras, sempre há. A insuficiência delas mora na falha sentimental de quem afirmou isso. Convicção de quem já afirmou tal insanidade.
Há conversa, também. Mas nem sempre há. São casos e mais casos, tudo em sua respectiva relatividade, e nós em nossas respectivas incertezas, confusões, esperanças. Insegurança.
Um elo para a vida toda, no mínimo.
Sangue do nosso sangue, para reforçar que tamanha é a recíproca.

Acaso despisse do meu corpo minha alma, sei que se defronte um espelho ela se pusesse, era a sua que veria do outro lado. Era a sua que viria do outro lado.
Viria abraçar-me, aceitar-me, acolher-me.
De todos os meus mundos, acasos, destinos. Não importa. A você não importam os meus pormenores, a mim tampouco os seus.

Então continue a doar um pouco de você em minha vida a cada dia, prometo exercer a devida reciprocidade.
Continue a existir, a viver, a sorrir. Continue a andar. Do meu lado, ainda que longe... Continue. Só não pare.


"Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam."
(Clarice Lispector)

Acredito em você. Em nós.

quinta-feira, 18 de março de 2010

À minha avenca

E a razão cá está a me chamar. Se vou não sei. Sei que quero bem aqui ficar com o meu subjetivo, onde você agora reside de forma fixa. Minha avenca! Chegou devagar, sem invadir, de maneira totalmente inoportuna, - ou num momento totalmente inoportuno, vá saber. Sei que não há exatidão.
Como é que se explica o que não se entende? Não se explica. Mas quero que você venha, e que venha devagar. (Concordo demasiado com o clichê que afirma ser a direção mais importante que a velocidade.) Venha com todos os trejeitos, com todos os defeitos. Venha de corpo e alma, mas não venha pronto. Eu não quero prontidão. Nem prontidão nem metades.
Venha assim, diferente como é. E venha quando quiser, venha o quanto quiser. Prometo apenas nada prometer. E se tiver de ir, talvez eu entenda. Se eu tiver de ir, talvez lhe explique. Só não se acorrente: permaneça enquanto convir.
Pois você é minha avenca. Mas é também sua própria avenca. E se eu não souber dosar o que quer que seja para que você se mantenha bem, vá. Vá bem, avenca. Vá bem e me deixe bem. Prometo guardar para você o sorriso que brota em mim quando olho seus olhos, tentando ver seu coração. Pois é seu coração o predileto do meu.
Vá, mas fique. Não saia do meu mural de lembranças, da minha caixa de mensagens. Não saia do meu mundo. Ainda que distante, permaneça. Ainda que na memória. É toda sua a pureza da minha dúvida. Pois você é minha avenca. É você a única avenca de todo o meu jardim.



“Por favor, não ria dessa maneira nem fique consultando o relógio o tempo todo, não é preciso, deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço.... [...]
Não sei, não me interrompa agora que estou quase conseguindo, disponível só, não é uma palavra bonita? Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?”

(Caio F. Abreu)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Minhas queixas tão justificáveis

Um mundo lá fora desabando, e eu aqui escrevendo sobre amores. Supostos amores. Ainda a história do talvez – porque ninguém no mundo inteiro consegue ser mais contraditório que eu.
Eu poderia ter aberto um sorriso, esbaldado felicidade, imaginado situações, mas não: sinto-me deveras angustiada. Meu desejo trocou a possibilidade pela certeza. E quanto à pureza da minha dúvida, já reservei a outro alguém.
Mas o que é que se passa na sua cabeça, afinal? Até onde vai toda essa história unilateral? Não somos exemplos de companheirismo e cumplicidade. Então eu determino como unilateral a palavra-chave para todo esse clichê que quase vivemos. Que talvez vivemos.
Continuo a conjugar os verbos, quando a você me refiro, no passado. Continuarei. E pretendo que assim seja, porque agora quem joga as cartas sou eu. Se é que há jogo.
A verdade é que não há jogo nenhum. Hoje estou do lado de cá, tão longe do seu mundo quanto você mesmo. E que te caibam sentimentos como auto-piedade e arrependimento, se eles puderem servir como ingredientes para a receita do seu amor próprio. Só não esqueça de aquecer o forno. Um mero detalhe e todo o castelo de cartas desaba, como acaba de desabar o meu equilíbrio.
E o esmero. Tecê-lo aos poucos, só para comigo mesma. Quanto a você, se minha indiferença não lhe for suficiente, contente-se com as lembranças que não me bastaram.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Indo e Vindo de Pasárgada

Deveras distante, supostamente empoeirada. Tão distante quanto ideal. Ah, Pasárgada! Como lutei para te encontrar! Querida Pasárgada! Eu a quis. E como quis. Enfrentei céus e terras para me refugiar em ti, que não és um refúgio.
Não, não és! Quebro agora todo o teu ideal. Quebro e te salvo, ou te anulo.



"Minha tristeza é esta:
A das coisas reais."
(Fernando Pessoa)


Eu não estou pronta. Você, caro leitor, não está pronto. O MUNDO não está pronto. Estaria Pasárgada pronta? O que é, afinal, prontidão? Tenho cá minhas dúvidas.
Andei mesmo refletindo sobre isto, demoro a terminar esse post. E ainda não tenho sequer uma resposta cabível. Ainda bem. O que me motiva é o questionar, como já disse, usando de Lispector, no meu perfil.
Desapareceria, em Pasárgada, minha solidão? Desapareceriam minhas dores? Desapareceriam as perguntas? E o negar? Desapareceria, então, metade - ou mais, vá saber - de mim mesma. Viver pela metade: isso é ser completo?
Há aqui uma cadeia. Aqui, ali, acolá. É pura interligação, é social, interação. Uma interação capaz de assumir suas próprias antíteses. Santa contradição!
Há que tecer. Então assuma, abrace! Sem se acorrentar, mas abrace. Também estou tentando. Eu e minha batida desesperança, falível companhia.
Pasárgada soa, por ora, como uma propaganda de tv. É, uma propaganda de tv. Já repararam como é que funciona a questão do produto a ser divulgado sendo a solução de todos os problemas? Pois então. Chega-se à Pasárgada e pronto, vida nova.
Talvez as coisas, do lado de ca, se tornem mesmo imundas. Ainda bem que existe a literatura como mundo paralelo, onde paira a emoção. Para o lado de cá, centralizo a razão.
Quanto às visões de Millôr e Bandeira, não nego. Mas prefiro ficar com a minha, e fazer do viver, minha própria Pasárgada. Porque há que tecer. Há, quem sabe, que te ser.


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Oi pessoas! Já estava sentindo falta disto aqui. Apesar de entrar sempre, a sensação de finalizar um post é única. Hahaha /viciada.
Acontece que a correria recomeça - e não só pra mim, né? -, e que, mais ainda, não ando muito inspirada. Mas quis deixar algo aqui, pra, sei lá, não desanimar.
O texto não está lá aquelas coisas.. Mas conforme fluir, vou editando.
A propósito, acredito que a Pasárgada de Bandeira todos conhecem, né? Mas a referência a Millôr diz respeito ao texto "Vou-me embora de Pasárgada!". Segue no link abaixo:

http://br.groups.yahoo.com/group/listageografia/message/4579

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Reencontro


Quem tá aí? É você, vô? Quer me dizer alguma coisa?
Que bom que você ta aqui, eu tava com muita saudade. Quanto tempo agente não se vê, não é? Cinco meses, isso mesmo.
Você ta bem? Ficou bem todo esse tempo? Aconteceu tanta coisa, vô, mas tanta coisa, que numa conversa só não daria pra te contar.
Diz alguma coisa, nunca te vi tão calado assim.
Ah, já sei! Você deve ter vindo pra contar que vai voltar, que tudo não passou de uma brincadeira de mau gosto, essas brincadeiras de mau gosto que nascem da inocência de um impulso e tomam dimensões inesperadas, né? Pode falar que você voltou pra ficar, eu não vou brigar com você, muito menos deixar que alguém brigue.
Vai lá, vô, diz alguma coisa! Quer que eu converse com todo mundo por você? Quer que eu explique seus motivos? Eu te entendo. Pensei em fazer coisas assim já, são momentos de carência, é normal do ser humano. Eu sempre vou te entender!
Eita, vô! Nunca te vi tão quieto. Alguma aflição? Diz pra mim, é tua moça bonita que ta aqui, que sempre esteve. Não fica com medo não! Tudo que eu mais esperei nos últimos tempos foi essa sua chegada. Eu sabia que tudo era só sonho, desde o começo. Sabia que você voltaria, vô. Sempre soube.
Tenho tanta coisa pra te contar, agora que você voltou. Minha vida, meus amores... Posso te contar dos meus amores, né? Promete sentir bastante ciúme? Quero também te contar meus ideais, acho que nisso eu puxei você, Petrô. Vô, eu nunca deitei no seu colo, posso fazer isso hoje? Depois te encher de cafuné e dizer que você é a minha fonte de alegria? Posso, vô? Acena com a cabeça um sim ou um não.
Você gosta de filmes? Acho que não, né? Pois você não sabe o bem que eles têm me feito. Ai, vô, acho essa vida tão difícil! Vinte anos e ainda não consegui me adaptar direito. Como é que você consegue estar tão bem depois dos cem?
Sabe, você sempre foi a pessoa que eu mais admirei nessa vida. Você e a madrinha, a “Lili”. Faria tanto por vocês, se tivesse a garra que vocês têm. Mas pelo contrário, vocês é que sempre cuidaram de mim, né? Acabei me acostumando. Foi disso que você veio me falar, vô? Da madrinha? O padrinho ta internado, te contaram? Pois é. Difícil essa vida!
Mas ela fica mais fácil com você por perto, vô. Fica mais feliz! Quero um dia aprender a ver o mundo como você faz, quero sim! Ah, vô, nem acredito que você ta aqui, que você voltou. É tão bom quando agente sabe que tem razão, né? Você adora ter razão em tudo, que eu sei! Acho até que também nisso puxei pra você.
Ei, vô, não vai mesmo dizer nada? Tem dias que eu fico assim também, quieta. Sua neta pergunta o dia todo que é que eu tenho, se eu to de TPM, mas não é nada, não. Só preguiça de falar mesmo, né? Mas é que vindo do Petrô é de se estranhar... Hahaha.
Vô? Aonde você vai? Volta aqui, vô! Não vai agora não, ta cedo. Senta aqui comigo, vou passar um café pra você. Eu sei fazer café, sabia? Vô? Vem cá, vem, tem tanta coisa que eu havia deixado pra trás, não quero fazer isso denovo não. Vô? Vô? Você não ta me ouvindo? Volta, vô, eu não to conseguindo gritar. Tem um nó aqui na garganta que não ta deixando...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Um irmão em Grajaú

"(...) Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar.... Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem vida pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou." (M. de Queiroz)


















“Não há o que fazer com esses números.”


Talvez tenha sido o cheiro, ou o tom quase louro do cabelo. Talvez os ombros largos, as jaquetas de couro, a atenção que só você sabia dar. Talvez. Há tempos essa foi a palavra-chave quando eu me refiri a nós, ou quando tentei entender a situação, ou mesmo enquanto eu despencava em lágrimas admitindo que te amava, que sou fraca, e que sem você tudo é uma grande merda.
Você se foi sem pensar. Duas vezes. Duas vezes fez exatamente assim. "Exato", você adora esse termo, não é? Sem pensar. Sem pensar nas promessas, nos olhares, nos beijos. "Homens são mesmo assim." Mas será? Tenho cá minhas dúvidas.
Os beijos. Ah, os beijos! Como é que eu poderia esquecer? Teus lábios foram reais labirintos, onde eu me perdi enquanto os meus se faziam seus. O beijo que eu nem gostei a princípio. Paradoxos da vida! O beijo que eu não gostava foi o que mais me guardou vazio.
"Escarra a boca que te beija." É por aí.
Todo mundo te odiava, e eu te amando. Todo mundo te difamava, e eu admirando. Todo mundo te repudiava, e eu te desejando. Você com duas, três garotas por noite, e eu ouvindo a música que um dia foi cantada pra mim. "E eu". Não, não acho engraçado coisíssima nenhuma. Tampouco penoso, humilhante. Acho sincero. E da sua sinceridade eu nunca pude me queixar. A sua sinceridade foi a única coisa deixada aberta pra mim todo esse tempo. “Sincero como não se pode ser.” Talvez aí morasse o segredo do encanto, já que eu não sou nada convencional.
Sei que tal encanto se quebrou. Foi quebrado. Isso por eu ter destruído minha integridade moral em nome da sua atenção, ou por ter jogado sozinha um jogo destinado a dois – jogo? -, por eu ter "sacado" que não preciso de migalhas, ou simplesmete porque em meio a tudo isso eu me reconstrui. (Sozinha)
E sozinha, o que eu mais fiz foi buscar razões. Razões pra ter sido deixada, pra perdoar - sem que sequer você houvesse pedido perdão -, razões pra te colocar como assunto central numa mesa de bar, pra te incluir de algum jeito numa festa onde você não seria bem-vindo, ou pra simplesmente esquecer, deixar pra tras, te odiar. Não preciso dizer que não adiantou.
"Tanto bate até que fura.", ou tanto insiste até que cansa, e foi quando eu parei de tentar, de desejar tudo em dobro. Eu tirei você do jogo, e assumi sozinha a culpa. Uma culpa que nunca foi minha. E passou.
Chega a soar estranho no meu cotidiano. Um certo vazio, e de repente me dou conta de que saiu fora do eixo do meu pensamento aquilo que dominava ele, negativa e/ou positivamente. Porque nem você sabe - não te interessa, all right? - , mas conseguiu ser, dubiamente, o maior sorriso e a mais dolorosa lágrima.
Não sei se te desejo a felicidade. Na verdade prefiro não mais gastar tempo com possíveis desejos e acontecimentos. Só sei que passou, como eu nunca, desde o primeiro choro, pensei que fosse passar. Sem "talvez", assumido o risco de daqui a dois dias me contradizer. Paradoxos da vida!
E se esse texto merece alguma dedicatória, ela será a mim, por ter vencido uma inefável guerra contra meu próprio eu. Foi o fim do mundo todo dia da semana. Foi.
Um adeus, talvez. Não sei. Não me preocupo mais.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sobre o poder das palavras

Pudera eu ser definitiva. Vá lá, convicções podem até ser cárceres, querido Nietzsche, mas convenhamos que incertezas não são tão amigas assim. Acho que o meu maior problema é querer ser tudo ao mesmo tempo, aí acabo não sendo nada nunca. Invejo - e admito que invejo - quem tem uma vida muito produtiva e consegue conviver bem com isso, sem pensar demais. Não que pensar não seja produtivo, mas ocorre que às vezes o pensar retarda a prática.

Vou me centrar, eu prometo. (A mim mesma).










Ler A menina que roubava livros e encontrar essa tirinha, me fez refletir um pouco sobre o poder das palavras. Como estudante de letras, obviamente não dá pra negar a grande influência delas sobre mim, e depois de ingressar no curso, eu pude perceber melhor ainda tudo isso. Um simples "não", um "sim", ou o fato de não se responder a uma pergunta pode mudar por completo o destino de duas (ou mais) vidas. Vocês já pararam pra pensar nisso?
Chega a ser assustador. Pra mim, principalmente, por conehcer e reconhecer meu gênio impulsivo. Mas será que alguém fala mesmo sem pensar? Ou será que as pessoas falam às vezes sem pensar nas possívies consequências do efeito daquilo que elas querem dizer? Acho que fico com a segunda opção.



A propósito, qual a opinião de vocês a respeito da Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa?
A minha é a seguinte: (Ainda como estudante de Letras) Do ponto de vista linguístico, a reforma oferece muitos efeitos positivos, uma vez que o novo acordo tende a unificar a língua. A linguística é o estudo da linguagem verbal humana, e, já que a língua portuguesa, obviamente, não é utilizada por um único país, a unificação da língua facilita por demais os estudos da linguística.

Mas reconheço que num país como o nosso, onde a educação nao é um exemplo a ser seguido - muito pelo contrário, há possíveis consequências ruins.

Santa decadência moral!

Gostaria de agradecer a resposta dos primeiros leitores do blog, ateh entao muito positivas. Obrigada mesmo! Estou gostando cada vez mais disso aqui. :)

Aproveitando o embalo do poder das palavras, deixarei aqui um poema da Adélia Prado, que gosto muito.


Antes do Nome
( Adélia Prado)

Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o explêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás",
o "o", o "porém", e o "que", esta incompreensível
muleta que me apoia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo filho é verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.


Um artigo (aparentemente) muito interessante sobre ela que acabei de encontrar.
http://www.filologia.org.br/ixcnlf/11/09.htm
Espero que gostem! E que eu também goste, já que ainda não li, vou ler agora.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Um recomeço, quem sabe.

Há uma porção de possíveis motivos para eu estar aqui. Um deles - e acredito que o principal - tem nome de tédio. Pode também ser conhecido como falta do que fazer, ou inutilidade, para os mais arrogantes, se frisado que sempre há alguma coisa a se fazer. Digamos que... Eu tentei. Acabo de tentar malhar, mas o calor insuportável me fez chegar ao ponto de sentir tontura, e acabei deixando pra mais tarde - ou pra amanhã. No mais, tenho deixado de lado os motivos e abusado dos efeitos da prática, por acreditar que me sentiria mais viva assim. Não afirmo nem nego, ainda estou em processo de transição.



Sempre gostei de escrever. Sempre mesmo! Desde pequena eu tinha o hábito de poetizar tudo o que achasse bonito. Então decidi, depois de alguns empurrõezinhos, fazer um blog. Coisa pra qual eu nunca havia me esforçado muito até então. Só não procurem assuntos específicos. Até porque, - e quem é do meio irá concordar plenamente comigo -, a boa escrita exige, antes de qualquer coisa, inspiração.


Sem mais justificativas, espero que esse seja um lugar ao menos um pouquinho legal.

Estou aberta a troca de ideias com demais blogueiros. :)


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DICA DE LIVRO



Uma das incentivadoras da criação do blog foi Liesel Meminger. Sem surtos! Acabei de ler o livro essa semana, e foi uma das melhores leituras da minha vida. A ponto de mudar algumas coisas em mim, de me fazer parar de querer sempre mais e enxergar melhor o valor daquilo que é realmente meu. Liesel tinha pouco, mas tinha coisas realmente dela. E percebi que essa de querer demais o tempo todo, faz com que agente deixe correr muita água que pode matar a sede numa hora de seca. Comparação meio inútil, mas relevem, tenho dores de cabeça.


Para saber um pouco da historia: http://www.lendo.org/a-menina-que-roubava-livros/



Como qualquer livro, provavelmente será alvo de muitas críticas - apesar de eu não ter me deparado com nenhuma ainda -, mas eu indico. É uma leitura nada cansativa, e pela primeira vez em toda minha vida um livro me fez chorar.

Há diversos vídeos de trabalhos a respeito do livro, dentre eles o que mais me chamou a atenção:



http://www.youtube.com/watch?v=TAtEMKMsujs



E um trecho do livro, do qual gostei muitíssimo:


"Essas imagens eram o mundo, que cozinhava em fogo brando dentro dela, sentada ali com seus livros encantadores e seus títulos manicurados. Fermentava dentro dela, enquanto a menina olhava as páginas, com suas panças cheias até o gorgomilo de parágrafos e palavras.
Seus cretinos, pensou.
Seus cretinos encantadores.
Não me façam feliz. Por favor, não me saciem nem me deixem pensar que alguma coisa boa pode sair disso. Olhem para meus machucados. Olhem para este arranhão. Estão vendo o arranhão dentro de mim? Estão vendo ele crescer bem diante de seus olhos, me corroendo? Não quero ter esperança de mais nada. Não quero rezar para que Max esteja vivo e em segurança. Nem Alex Steiner.
Porque o mundo não os merece."




E sobre o nome do blog... Não posso negar fazer jus ao mesmo, e admito ser uma sonhadora. Mas o "retalhados" eu dedico à Meminger, roubadora de livros. Pelo incentivo, acima de tudo. Eu estava quase nessa de escrever somente no porão, quando me toquei de que vivo um contexto, e de que negá-lo seria deixar aquelas mesmas águas correrem outra vez... Ou quase isso.




Por hoje é só.