quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Indo e Vindo de Pasárgada

Deveras distante, supostamente empoeirada. Tão distante quanto ideal. Ah, Pasárgada! Como lutei para te encontrar! Querida Pasárgada! Eu a quis. E como quis. Enfrentei céus e terras para me refugiar em ti, que não és um refúgio.
Não, não és! Quebro agora todo o teu ideal. Quebro e te salvo, ou te anulo.



"Minha tristeza é esta:
A das coisas reais."
(Fernando Pessoa)


Eu não estou pronta. Você, caro leitor, não está pronto. O MUNDO não está pronto. Estaria Pasárgada pronta? O que é, afinal, prontidão? Tenho cá minhas dúvidas.
Andei mesmo refletindo sobre isto, demoro a terminar esse post. E ainda não tenho sequer uma resposta cabível. Ainda bem. O que me motiva é o questionar, como já disse, usando de Lispector, no meu perfil.
Desapareceria, em Pasárgada, minha solidão? Desapareceriam minhas dores? Desapareceriam as perguntas? E o negar? Desapareceria, então, metade - ou mais, vá saber - de mim mesma. Viver pela metade: isso é ser completo?
Há aqui uma cadeia. Aqui, ali, acolá. É pura interligação, é social, interação. Uma interação capaz de assumir suas próprias antíteses. Santa contradição!
Há que tecer. Então assuma, abrace! Sem se acorrentar, mas abrace. Também estou tentando. Eu e minha batida desesperança, falível companhia.
Pasárgada soa, por ora, como uma propaganda de tv. É, uma propaganda de tv. Já repararam como é que funciona a questão do produto a ser divulgado sendo a solução de todos os problemas? Pois então. Chega-se à Pasárgada e pronto, vida nova.
Talvez as coisas, do lado de ca, se tornem mesmo imundas. Ainda bem que existe a literatura como mundo paralelo, onde paira a emoção. Para o lado de cá, centralizo a razão.
Quanto às visões de Millôr e Bandeira, não nego. Mas prefiro ficar com a minha, e fazer do viver, minha própria Pasárgada. Porque há que tecer. Há, quem sabe, que te ser.


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Oi pessoas! Já estava sentindo falta disto aqui. Apesar de entrar sempre, a sensação de finalizar um post é única. Hahaha /viciada.
Acontece que a correria recomeça - e não só pra mim, né? -, e que, mais ainda, não ando muito inspirada. Mas quis deixar algo aqui, pra, sei lá, não desanimar.
O texto não está lá aquelas coisas.. Mas conforme fluir, vou editando.
A propósito, acredito que a Pasárgada de Bandeira todos conhecem, né? Mas a referência a Millôr diz respeito ao texto "Vou-me embora de Pasárgada!". Segue no link abaixo:

http://br.groups.yahoo.com/group/listageografia/message/4579

9 comentários:

  1. Amorrrr vc é muito fodaaaaaaa....tem que investir nisso, é um Dom de Deus muito precioso se expressar assim...saudades...te amo!!! Um dia vc ainda vai estar autografando seus livros p milhares de pessoas e dando entrevista no Jô Soaresss....hehe...E eu aqui de Petrolina acompanhandooo tuuuuuuuuuuuuudo...hehe....

    Sheila Silveira

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  2. Você tocou fundo em uma questão que é uma das maiores.
    Será que existiria vida se não houvessem questões a ser respondidas, sem perdas e vitórias!?
    Você é excelente!
    Beijo.

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  3. Poxa amore, vc atualizou e nem me avisou hehehe... gostei do texto viu e assim como vc, tbém acho q a sensação de finalizar um texto é sensacional. E essa frase de lispector é tão forte q estou até pensando em usar no meu próximo blog, se vc permiter é lógico :) um grande abraço e tenho q ir agora pois vou me embora pra pasárgada hehehe...

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  4. Trata-se do amanhã, que nunca chega. O meu "amanhã". Deve se tratar disso. As idealizações, tão distantes quanto idealizadas, advindas de uma realidade modernamente tuberculosa e incurável teimam em fazer com que sintamos surpresa com a primeira desilusão que bate à nossa porta.

    Esse post foi uma das melhores cosias que eu li últimamente, entre tantos posts.

    Meu comentário ficou mto nerds haeueaha
    Malz =]
    bjooo

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  5. Além do Horizonte deve ter um lugar bonito pra se viver em paz (cantarolando). Lá deve ficar Pasárgada, e algo que tiraria das pessoas sensíveis essa tristeza que Pessoa retratou tão bem na frase que postou.
    "Essa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi"

    abç
    Pobre Esponja

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  6. Você foi indicada ao selo Blog Vip...
    Veja as regras lá no meu blog.
    Você é talentosa demais. =D

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  7. Olá Naiara,

    Confesso que não esperava encontrar algo tão fecundo e profundo, rarefeito ocorre...
    Bom, eu sou um protótipo de educadora. Daí além de cuidar/educar meu maior objetivo é justamente desestabilizar. Daí a relação ao ponto que levantou, para que dar respostas, se o que move o mundo são as perguntas...
    Conheço e muito bem Bandeira, já Millôr era desconhecido. Que analogia! Para fazer refletir nossas ideologias acerca do que é estar inserido e além disto contente com o meio em que vive. Que sacada!

    Se puder e quiser, vá ao meu blog, de repente poderíamor trocar algumas figuras:

    http://memoriaspsicodelicas.blogspot.com

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