quarta-feira, 26 de maio de 2010

Com-partilhar

Paixão é mesmo uma doença. Uma doença com bons sintomas, claro - mas não deixa de ser doença. É como essas doenças transmitidas por picadas de insetos, o “bichinho da paixão” acaba pegando agente despercebido, quando menos esperamos. Se agente se previne como pode, ou se agente quer ele por perto, nada acontece. Mas é só agente desviar o olhar pro espelho um minuto e pa-pum: agente se apaixona.
E então somos contagiados por um mundo de sensações. Expectativas, saudade, planos, sorrisos que não cessam e uma cara de bobo capaz de condenar qualquer um. Aiai... Suspiros. Agente reclama, sofre, chora, diz que nunca mais vai se entregar... Mas quem é que consegue? Acho que ninguém consegue.
Não é culpa da paixão, dos homens de sempre, das mulheres de hoje em dia, do mundo conturbado no qual vivemos... Não é culpa de ninguém. A receita pra dar certo mora dentro de nós mesmos, e é tão fácil que quase todo mundo desconfia da potência dela e acaba sempre jogando com o coração. O nome da receita é um verbo. O nome da receita é o verbo ser.
(Um verbo de ligação, por mais egoísta que, à primeira vista, possa parecer.)
Então seja, simplesmente. Primeiramente por você. Depois pelos outros, numa dosagem equilibrada. É necessária aqui uma hierarquia. Se doar é bom. Compartilhar é melhor ainda.
É... Eu estou apaixonada.

domingo, 2 de maio de 2010

Anjo da Guarda

Um encontro de almas, quem sabe.
Um encontro com o próprio eu, de dois eus perdidos... E então tudo se acalma.
O grito se cala, o desespero espera, os problemas são tragados – mas o tempo insiste em passar. Não importa.

Acho às vezes que devo confiar mais em você do que em mim, e que isso te sirva também. Sou inconstante, explosiva, momentânea. Você também. A diferença está na minha esfera, onde mora seu sentido linear.

Obrigada!

Colo em você toda a minha gratidão. TODA! Por ouvir paciente cada pieguice, por se importar, por reconhecer o que eu também reconheço.

Obrigada!

Há palavras, sempre há. A insuficiência delas mora na falha sentimental de quem afirmou isso. Convicção de quem já afirmou tal insanidade.
Há conversa, também. Mas nem sempre há. São casos e mais casos, tudo em sua respectiva relatividade, e nós em nossas respectivas incertezas, confusões, esperanças. Insegurança.
Um elo para a vida toda, no mínimo.
Sangue do nosso sangue, para reforçar que tamanha é a recíproca.

Acaso despisse do meu corpo minha alma, sei que se defronte um espelho ela se pusesse, era a sua que veria do outro lado. Era a sua que viria do outro lado.
Viria abraçar-me, aceitar-me, acolher-me.
De todos os meus mundos, acasos, destinos. Não importa. A você não importam os meus pormenores, a mim tampouco os seus.

Então continue a doar um pouco de você em minha vida a cada dia, prometo exercer a devida reciprocidade.
Continue a existir, a viver, a sorrir. Continue a andar. Do meu lado, ainda que longe... Continue. Só não pare.


"Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam."
(Clarice Lispector)

Acredito em você. Em nós.