sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Um irmão em Grajaú

"(...) Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar.... Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem vida pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou." (M. de Queiroz)


















“Não há o que fazer com esses números.”


Talvez tenha sido o cheiro, ou o tom quase louro do cabelo. Talvez os ombros largos, as jaquetas de couro, a atenção que só você sabia dar. Talvez. Há tempos essa foi a palavra-chave quando eu me refiri a nós, ou quando tentei entender a situação, ou mesmo enquanto eu despencava em lágrimas admitindo que te amava, que sou fraca, e que sem você tudo é uma grande merda.
Você se foi sem pensar. Duas vezes. Duas vezes fez exatamente assim. "Exato", você adora esse termo, não é? Sem pensar. Sem pensar nas promessas, nos olhares, nos beijos. "Homens são mesmo assim." Mas será? Tenho cá minhas dúvidas.
Os beijos. Ah, os beijos! Como é que eu poderia esquecer? Teus lábios foram reais labirintos, onde eu me perdi enquanto os meus se faziam seus. O beijo que eu nem gostei a princípio. Paradoxos da vida! O beijo que eu não gostava foi o que mais me guardou vazio.
"Escarra a boca que te beija." É por aí.
Todo mundo te odiava, e eu te amando. Todo mundo te difamava, e eu admirando. Todo mundo te repudiava, e eu te desejando. Você com duas, três garotas por noite, e eu ouvindo a música que um dia foi cantada pra mim. "E eu". Não, não acho engraçado coisíssima nenhuma. Tampouco penoso, humilhante. Acho sincero. E da sua sinceridade eu nunca pude me queixar. A sua sinceridade foi a única coisa deixada aberta pra mim todo esse tempo. “Sincero como não se pode ser.” Talvez aí morasse o segredo do encanto, já que eu não sou nada convencional.
Sei que tal encanto se quebrou. Foi quebrado. Isso por eu ter destruído minha integridade moral em nome da sua atenção, ou por ter jogado sozinha um jogo destinado a dois – jogo? -, por eu ter "sacado" que não preciso de migalhas, ou simplesmete porque em meio a tudo isso eu me reconstrui. (Sozinha)
E sozinha, o que eu mais fiz foi buscar razões. Razões pra ter sido deixada, pra perdoar - sem que sequer você houvesse pedido perdão -, razões pra te colocar como assunto central numa mesa de bar, pra te incluir de algum jeito numa festa onde você não seria bem-vindo, ou pra simplesmente esquecer, deixar pra tras, te odiar. Não preciso dizer que não adiantou.
"Tanto bate até que fura.", ou tanto insiste até que cansa, e foi quando eu parei de tentar, de desejar tudo em dobro. Eu tirei você do jogo, e assumi sozinha a culpa. Uma culpa que nunca foi minha. E passou.
Chega a soar estranho no meu cotidiano. Um certo vazio, e de repente me dou conta de que saiu fora do eixo do meu pensamento aquilo que dominava ele, negativa e/ou positivamente. Porque nem você sabe - não te interessa, all right? - , mas conseguiu ser, dubiamente, o maior sorriso e a mais dolorosa lágrima.
Não sei se te desejo a felicidade. Na verdade prefiro não mais gastar tempo com possíveis desejos e acontecimentos. Só sei que passou, como eu nunca, desde o primeiro choro, pensei que fosse passar. Sem "talvez", assumido o risco de daqui a dois dias me contradizer. Paradoxos da vida!
E se esse texto merece alguma dedicatória, ela será a mim, por ter vencido uma inefável guerra contra meu próprio eu. Foi o fim do mundo todo dia da semana. Foi.
Um adeus, talvez. Não sei. Não me preocupo mais.

11 comentários:

  1. Obrigada pela visita e pelo comentario! Volte sempre =)

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  2. Interessante e complexo o seu texto!

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  3. A solidão deve ser mesmo inerente à vida, salvos breves momentos, inesquecíveis, afinal.

    bjo =**

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  4. Todo mundo te odiava, e eu te amando. Todo mundo te difamava, e eu admirando. Todo mundo te repudiava, e eu te desejando. Você com duas, três garotas por noite, e eu ouvindo a música que um dia foi cantada pra mim. "E eu". Não, não acho engraçado coisíssima nenhuma.

    fantastico!
    parabens pelos post´s

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  5. A sua dor me doeu...
    Mas me refiz junto com vc no fim do texto.
    Apesar de triste, é muito bom ver que vc se refez a pesar de tudo...
    Algumas coisas acontecem pra nos tornar mais fortes.
    Muito legal esse texto.
    Parabéns...

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  6. ameiii seu blog estou seguindo segue o meu tbm
    http://apprenticealice.blogspot.com/

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  7. Nossa
    Texto muito bom
    Cheio de sentimentos e alma!

    http://cerebro-musical.blogspot.com

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  8. Andei olhando por aqui, e gostei muito do que vi.
    Escreves muito bem :D

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  9. “Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... eu continuarei a escrever”

    Muito legal! Preciso dar uma mudada no meu perfil. O meu não fala tanto como o seu e tantos que tenho visto. Preciso me mostrar mais nele.

    Abraço e parabéns pelo blog!

    Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com de blog em blog.

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  10. Garota, você esta de parabéns, o post´s que eu li são perfeitos. Continue assim, você me fez ver que sou amadora.
    Beijinhos e confira meu blog. A garota misteriosa

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  11. Gente do céu..Cada post que eu leio é mais fantástico q o outro. Você escreve muito bem e é muito inteligente.
    Parabéns pelo blog, ele é perfeito!!

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